Distrito Federal: Investimentos, Desenvolvimento e Copa do Mundo

O Governador Agnelo Queiroz apresenta o Distrito Federal. Fala das oportunidades de investimento e de desenvolvimento econômico no Estado. Também comenta sobre o futuro do DF e sobre as consequencias da Copa do Mundo 2014 para Brasília.

Entrevista com Agnelo Queiroz, Governador do Distrito Federal

Agnelo Queiroz Governador

Qual a avaliação do senhor em relação aos investimentos e ao desenvolvimento no Distrito Federal?

Brasília tem uma enorme vocação para a indústria limpa, de tecnologia. Vamos abrigar a Cidade Digital, um complexo de indústrias tecnológicas, um segmento limpo e que irá gerar mão de obra e investimentos na cidade.

O Distrito Federal tem um enorme potencial para atrair grandes investimentos e a capital do País já apresenta, em muitas áreas, um desenvolvimento superior às demais unidades da Federação. Estamos investindo para que Brasília ofereça outros atrativos, como a implantação de indústrias. Em fevereiro, inauguramos uma fábrica de pães no Polo Industrial JK, próximo à Santa Maria, com geração de mais de 300 empregos diretos e indiretos. O grupo mexicano Bimbo é um dos mais importantes do mundo no segmento de panificação e dono de marcas como Pullman, Plus Vita, Ana Maria, Nutrella e Crocantíssimo. A nova fábrica é a maior do ramo no Centro-Oeste e contou com investimentos de aproximadamente R$ 40 milhões, com estimativa de crescimento de cerca de 20% ao ano. A fábrica abastecerá os mercados do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Tocantins e Minas Gerais. É a marca de uma nova etapa no desenvolvimento econômico e na qualidade de vida das cidades de Santa Maria e do Gama, além do Polo JK. A parceria em projetos de responsabilidade social nos anima muito.

Qual a competitividade do Distrito Federal em escala global? Qual a importância de novos investimentos no Distrito Federal?

Novos investimentos são importantíssimos. Grandes empresas querem se instalar aqui, por isso, a valorização do Polo JK é uma prioridade deste governo. Localizado na Região Administrativa de Santa Maria, a 39km do Plano Piloto, o polo faz parte do projeto de desenvolvimento industrial e social do DF. A área destinada ao parque é de 140 hectares, com empresas voltadas a atividades industriais e de logística. Vamos valorizar cada empreendimento que demonstrar interesse. Também está prevista a instalação, no Polo Industrial JK, de uma filial da fábrica europeia de medicamentos Sanofi Aventis. A atração de novos empreendimentos deve-se não só aos incentivos fiscais concedidos pelo GDF, mas também aos investimentos na área.

Recebemos um polo totalmente abandonado, sem energia, pavimentação ou qualquer preocupação ambiental. Hoje estamos revertendo essa situação. A pavimentação está chegando à porta das fábricas, o sistema de transporte está sendo melhorado e a parte de energia e serviços implantada. Estamos no caminho da industrialização que trará mais empregos e melhorará a vida de muitas famílias.

Nossa meta é crescer, estamos apenas começando. Ter a confiança deste governo e dos cidadãos do Distrito Federal nos dá o incentivo necessário para investir não só no desenvolvimento econômico, mas no humano.

Também nos importamos muito com o que a população pode ganhar com a vinda dessas indústrias para o DF. Um exemplo foi a exigência de contrapartidas. Para a instalação da Bimbo no Polo Industrial JK foi feito um acordo em que a empresa mexicana passe a se responsabilizar pela manutenção do Parque Recreativo do Gama, conhecido como Prainha. O parque faz parte do programa Brasília, Cidade Parque, da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, que busca a valorização ambiental, social, econômica e cultural de áreas verdes protegidas por meio de gestão compartilhada.

Brasilia

Quais os tipos de investimentos que o senhor acredita serem os mais importantes para a economia do Distrito Federal neste momento, e para o futuro?

Brasília tem uma enorme vocação para a indústria limpa, de tecnologia. Vamos abrigar a Cidade Digital, um complexo de indústrias tecnológicas, um segmento limpo e que irá gerar mão de obra e investimentos na cidade. Para atrair novos investimentos, uma das ações estratégicas deste governo foi a redução da alíquota do ICMS de 12% para 7% para o setor atacadista. A medida tem o objetivo de proteger a economia do DF, que está ameaçado de perder empresas para Goiás (onde a alíquota é de 3,5%), gerando, assim, desemprego. O setor atacadista representa cerca de 25 mil empregos diretos e 75 mil indiretos, além de 15% do que o DF arrecada com ICMS.

Em março, fui pessoalmente conhecer as instalações do grupo Sarkis. No local, conheci o maquinário responsável pela trefilaria (transformação de metais em fios espessos) e fabricação de telas para a construção civil. Esses procedimentos, normalmente feitos em siderúrgicas, estão sendo realizados de forma pioneira na fábrica de telas brasiliense. E o melhor, sem causar poluição ao meio ambiente.

O novo complexo industrial do Grupo Sarkis, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), é uma empresa genuinamente brasiliense e emprega cerca de 270 funcionários. Essa expansão reflete nossa política de governo para o desenvolvimento econômico, que volta a despertar o interesse das empresas. Isso representa crescimento econômico, social e geração de emprego e renda.

Estamos recuperando os investimentos da indústria para o Distrito Federal. Antes havia insegurança para se investir aqui, até pelo clima de instabilidade política do passado. A atual gestão está determinada a garantir a permanência das empresas que já estão instaladas no DF e atrair novos empreendimentos com políticas de incentivo que resultem em mais empregos.

Além disso, Brasília está na disputa com outras cinco cidades para receber uma das novas unidades que a Foxconn, fábrica de tablete, instalará no país. A empresa taiuanesa fabrica telas sensíveis ao toque para aparelhos de alta tecnologia e anunciou investimentos de US$ 12 milhões no país, em um período de quatro a seis anos. Serão construídas duas novas unidades no Brasil e uma delas pode ser no DF, no Parque Tecnológico Capital Digital (PTCD). Tivemos uma primeira conversa e o presidente da Foxconn manifestou desejo em continuar a negociação. Apesar de a companhia já ter unidades em outros estados, o Distrito Federal se destaca em função da formação de mão de obra especializada. Brasília passa por uma fase de transformação, com o PTCD prestes a ser lançado. Os executivos acharam ótima a ideia de aliar nosso desenvolvimento tecnológico e econômico ao fato de estarmos próximos ao Poder, onde as decisões são tomadas. O presidente da Foxconn, que é líder mundial de mercado no segmento de componentes eletrônicos, gostou de saber da vocação da capital do país para o segmento industrial baseado no uso de fontes limpas de energia.

Como o senhor enxerga a evolução do Distrito Federal nos próximos 5 anos? Qual a sua estratégia e visão?

Este governo deu um importante passo com a criação do Plano Estratégico do Governo do Distrito Federal. Planejar estrategicamente é escolher um futuro: um futuro que não chega do nada, sozinho, que tenha repercussões coletivas e que se diferencie qualitativamente. A escolha estratégica envolve projetar um futuro extraordinário, definir um marco e romper com aquilo que é habitual. No Governo do Distrito Federal, essa construção tem sido encarada como uma empreitada coletiva de um conjunto de forças políticas junto à sociedade, com o objetivo de extirpar da nossa cidade antigas práticas de apropriação de bens públicos pelo interesse privado.

Palacio do Buriti

Estabelecemos sete macroprioridades estratégicas para o período de 2011 a 2014: realizar gestão eficaz, transparente e participativa, com foco no cidadão ; garantir ao cidadão atendimento de saúde integral e humanizado ; aumentar a qualidade de vida, promovendo a mobilidade com qualidade, garantindo moradia digna, ordenamento territorial e uso sustentável dos recursos naturais ; propiciar educação pública gratuita, democrática e de qualidade social para todos ; reduzir as desigualdades sociais e superar a extrema pobreza ; desenvolver a economia, diversificando a base econômica e potencializando as vocações do DF ; e garantir a segurança pública por meio do uso inteligente de recursos humanos e tecnológicos.

Qual o principal desafio do Distrito Federal?

Crescer de forma sustentável. Somos a capital da quinta economia mundial e nosso maior objetivo é crescer de forma a garantir a oportunidade para todos independentemente de raça, credo ou religião. Faz parte dos Objetivos do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU) e das metas do governo federal a redução da extrema pobreza até 2014. A nossa meta aqui no Distrito Federal é eliminar a extrema pobreza. Por meio do programa DF Sem Miséria, em menos de um ano, tiramos 13 mil famílias da extrema pobreza. Nossas atenções estão voltadas para a qualificação da mão de obra, garantia de saúde e transporte público de qualidade, além de segurança para toda a população.

Quais os principais diferenciais do Distrito Federal em relação aos estados brasileiros?

Somos a capital da quinta maior economia do mundo e temos uma das maiores rendas per capita do país. Somos sede das embaixadas e das representações do governo federal. Por outro lado, sofremos anos de desgoverno no Distrito Federal. Para reverter o quadro encontrado precisamos de muita vontade política, e há.

Como é governar o estado que concentra as decisões políticas e administrativas do Brasil?

É uma grande responsabilidade. Somos Patrimônio da Humanidade e, por isso, devemos fazer de Brasília uma cidade símbolo da civilidade. As consequências funestas dos processos políticos vivenciados na última década pelo Distrito Federal demonstram o caráter essencial e urgente de refletirmos a respeito do passado e do presente da nossa cidade.

Qual a imagem do Distrito Federal no estrangeiro?

Somos sede política e Patrimônio da Humanidade. Infelizmente, muitos ainda acham que a capital do país é o Rio de Janeiro. Com a realização de grandes eventos esportivos aqui, como a Copa do Mundo, temos a possibilidade de reforçar o simbolismo de que Brasília é a nossa capital da República, não só dos brasilienses, mas de todos os brasileiros!

Brasília foi escolhida como uma das cidade que irá sediar a Copa do Mundo 2014. Quais as consequencias deste evento?

Para a nossa gestão, o esporte é a engrenagem do desenvolvimento social e econômico. Todas as intervenções que estamos realizando têm foco não apenas no Mundial de futebol, mas no legado que ficará para a população. Por isso, preparamos Brasília para a Copa, pensando no futuro, na geração de emprego e renda, no desenvolvimento econômico e social e na profissionalização dos jovens brasilienses.

Estadio Brasilia

Brasília foi escolhida para ser a anfitriã da Copa das Confederações, em 2013, campeonato que é considerado o grande evento teste para a Copa do Mundo de 2014. Para nós, essa é uma oportunidade única de potencializar investimentos, melhorias na cidade e qualificação da população, além de mostrar a Capital Federal ao mundo um ano antes do Mundial.

Durante a Copa do Mundo, Brasília receberá o número máximo de partidas (ao lado do Rio de Janeiro), sete ao todo. Para uma cidade jovem e sem tradição no futebol, essa é uma grande vitória.

Brasília tem uma das maiores rendas per capita do país, é um museu a céu aberto das obras de Oscar Niemeyer e tem vocação para o turismo, mas pouco foi feito para estimular esse potencial nos últimos anos.

Nossa meta é aproveitar esta oportunidade de realizar eventos esportivos para potencializar investimentos necessários para hoje e para o futuro do DF. Prova disso é o investimento que receberemos do governo federal, até 2014. Serão cerca de R$ 3 bilhões para obras de mobilidade urbana, o que comprova o poder transformador dessas competições.

Uma das vantagens, e grande diferencial, da nossa capital é que o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha está localizado em sua parte central, com acesso a pé aos setores hoteleiros, shoppings, Centro de Convenções e Parque da Cidade. Ainda assim, estamos empenhados em transformar o sistema público de transporte. Até 2014, a população contará com o Expresso DF (que ligará Gama e Santa Maria ao Plano Piloto), com o Veículo Leve sobre Trilhos (que faz a conexão entre Aeroporto JK e a primeira estação de metrô da Asa Sul), além da renovação da frota de ônibus, ampliação da DF 047, expansão do metrô e construção de ciclovias.

No ano passado, o Qualificopa (programa de qualificação profissional da Secretaria de Trabalho do DF, gratuito) formou 2 mil alunos e, hoje, 52% estão empregados. Isso demonstra o potencial de contratação de pessoas qualificadas para o mercado de trabalho. A partir deste ano, nossa meta é qualificar 10 mil pessoas por  ano até a Copa.

O nosso estádio também é um instrumento de desenvolvimento econômico e social. Antes da Copa do Mundo de 2014, faremos licitação internacional para que uma empresa especializada em entretenimento o administre, pague o aluguel da arena e, principalmente, insira Brasília no calendário de grandes eventos internacionais, gerando, com isso, renda e emprego, mantendo o setor de serviços aquecido. Hoje, a obra da arena é uma das mais adiantadas do Brasil, com 52% de sua execução concluída e empregando, diretamente, 3,2 mil operários.

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