Copa do Mundo e Olimpíadas: benefícios, oportunidades de investimento e desafios
O Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, fala da importância da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 para o Brasil. Também menciona os benefícios, oportunidades de investimento e desafios gerados por esses dois eventos.
Entrevista com Aldo Rebelo, Ministro do Esporte
Quais são as medidas do ministério para profissionalizar o esporte no Brasil, erradicar a corrupção e reduzir a burocracia? Em que áreas o Brasil está ficando para trás?
A Copa 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016 funcionam como impulsos para mais um salto do Brasil no rumo do desenvolvimento. As obras que estão sendo feitas, a ampliação da rede hoteleira, a modernização dos aeroportos e da rede de mobilidade urbana atendem á demanda de um país onde, em pouco mais de oito anos, 40 milhões de pessoas saíram da pobreza e hoje constituem uma nova classe média.
O Brasil não está ficando para trás. Ao contrário, estamos avançando. Nas competicões pan-americanas temos melhorado nosso desempenho. Para aumentar a profissionalização e contribuir para o desenvolvimento dos nossos atletas, executamos o maior programa do mundo de patrocínio individual a atletas, o Bolsa-Atleta, que garante apoio financeiro mensal depositado diretamente na conta bancaria do beneficiário. Atualmente, são beneficiados 4.243 competidores das modalidades dos programas olímpico e paralímpico. Este ano vamos ampliar o programa, para garantir ao atleta uma equipe multidisciplinar, com técnico, preparador físico, médico, nutricionista. Está em curso a criação de uma Política Nacional de Esportes para consolidar as leis já existentes – que garantem redução de impostos a empresas e pessoas que apóiam atletas e clubes e destinam recursos financeiros aos setores esportivos – e estabelecer marcos regulatórios com a definição das funções do governo federal, dos estados, dos municípios e das organizações que se candidatam aos incentivos oficiais. E vamos investir pesado na instalação de equipamentos e espaços para esporte nas nossas escolas. A escola é a base principal da formação de atletas e o governo federal está decidido a garantir condições para que nossas crianças e jovens comecem cedo na prática esportiva.
Quais serão os benefícios econômicos diretos e indiretos da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 para o país e para o esporte no Brasil?
A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016 já produzem reflexos positivos. Milhares de brasileiros trabalham nas obras dos estádios, na modernização da nossa infraestrutura urbana, dos nossos portos e aeroportos, do nosso sistema de telecomunicações. E esses dois eventos não se restringem às cidades onde acontecem os jogos. Terão repercussão em todo o país. Afinal, só a Copa do Mundo é acompanhada, pela televisão, por mais de três bilhões de pessoas em todo o planeta. Milhares de jornalistas e turistas vão disseminar informações não só dos torneios, mas de tudo o que virem no Brasil pela mídia formal, pelas redes sociais. Um estudo feito pela Value Partners Brasil mostrou que a Copa do Mundo vai agregar ao país cerca de R$ 183 bilhões até 2019, um crescimento do PIB de 0,4% ao ano. Os investimentos em infraestrutura atingirão aproximadamente R$ 33 bilhões. Além disso, megaeventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos funcionam como incentivo para a prática esportiva e para o aumento dos investimentos oficiais e privados. Bons resultados nas competições atraem maiores investimentos.
Quais são as oportunidades de investimento que esses dois eventos vão gerar?
Estima-se que, somente na Copa do Mundo, cerca de 3,6 milhões de turistas, sendo 600 mil estrangeiros, movimentarão a economia do país. Mais de 300 mil postos de trabalho permanentes serão criados até 2014, além de cerca de 380 mil temporários no ano do Mundial. Esse cenário é ideal para a criação de novos oportunidades de investimentos. Um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) feito em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) – especializada em formação de quadros para a administração pública e em pesquisa econômica, aponta para 930 oportunidades de negócio para micro e pequenas empresas nas 12 cidades-sede da Copa. Outro estudo, da Ernst & Young com a mesma FGV, prevê que só o setor da construção civil vai ter a produção ampliada em R$ 8,14 bilhões no período de 2010 a 2014. A qualidade de nossa engenharia civil, elogiada por técnicos da FIFA que visitam as obras dos estádios, vai ser incrementada ainda mais. Setores como TI (tecnologia da informação) e turismo estão entre os que serão beneficiados fortemente.
O que precisa ser feito para criar e desenvolver o turismo sustentável e o desenvolvimento do esporte no país? A Copa e as Olimpíadas certamente vão ajudar, mas por outro lado eles são eventos de tiro curto, com prazo para terminar…
O que precisa ser feito é o que estamos fazendo: trabalhar para fazer dois grandes espetáculos esportivos e ocupar lugar de destaque nos pódios. No futebol já somos os maiores: o Brasil é o único pentacampeão e o único a participar de todas as Copas. E vamos fazer um grande esforço para melhorar nossa colocação no quadro de medalhas olímpicas. A Copa 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016 funcionam como impulsos para mais um salto do Brasil no rumo do desenvolvimento. As obras que estão sendo feitas, a ampliação da rede hoteleira, a modernização dos aeroportos e da rede de mobilidade urbana atendem á demanda de um país onde, em pouco mais de oito anos, 40 milhões de pessoas saíram da pobreza e hoje constituem uma nova classe média. Essas pessoas viajam mais, consomem mais, exigem mais serviços públicos. Os 600 mil turistas estrangeiros que virão para a Copa do Mundo e os três milhões de brasileiros que vão se movimentar no país para acompanhar as partidas vão ampliar quase ao infinito a divulgação das nossas atrações turísticas, da nossa cultura, das oportunidades de negócios que se oferecem no Brasil. Aí vai se sustentar o turismo pós Copa e Olimpíadas: nas imagem positiva do Brasil que vai chegar a todos os cantos do planeta.
Quais são os principais desafios que você está esperando para os próximos 4 anos?
O Brasil já enfrentou desafios gigantescos. Construímos Brasília do nada, em quatro anos. A Copa e as Olimpíadas não serão o maior desafio enfrentado pelo país, mas requerem muito planejamento e trabalho. A mobilidade urbana é um tema não para a Copa do Mundo, é uma necessidade para hoje, tendo em vista o crescimento econômico do país, com a inserção crescente de pessoas na classe média. Todo o sistema que vai segurar a Copa do Mundo é um benefício para a nossa população: metrô, transporte urbano, acessibilidade. Tudo isso é um desafio para hoje. Nós já temos um investimento previsto porque, antes de pensarmos em ter Copa do Mundo, o Brasil já pensava em ter um sistema de metrô para as capitais mais importantes, já pensávamos em ter obras de acesso, em telecomunicações. O Mundial e as Olimpíadas aceleram esses projetos, que são o grande legado para a sociedade.
Leis específicas foram criadas para os eventos (Lei Geral da Copa, por exemplo). Você pode nos dizer mais sobre essas leis e as suas implicações?
As leis que foram aprovadas ou estão em tramitação no Congresso Nacional são parte das garantias firmadas pelo Brasil com a FIFA em 2007, na época da candidatura do país para sediar a Copa do Mundo. Alterações na legislação são comuns em grandes eventos esportivos e são assumidas por todos os países que sediaram a Copa do Mundo. Elas têm o objetivo de facilitar o maior torneio esportivo do mundo e tratam de temas como entrada de turistas no país, venda de ingressos, direitos de comercialização e organização do evento.