Setor Industrial no Nordeste: Indústria no Rio Grande do Norte

Amaro Sales de Araújo, Presidente da FIERN (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte)
Amaro Sales fala do papel e dos diferenciais da FIERN (Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte). Ele também apresenta o setor da indústria no Estado e menciona investimentos estrangeiros, projetos e desafios.

Entrevista com Amaro Sales de Araújo, Presidente da FIERN (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte)

Amaro Sales

Gostaria que falasse da história e papel da Federação das Indústrias. Gostaria também de saber quais as diferenças entre esta e as demais Federações.

A indústria que está efetivamente crescendo no Rio Grande do Norte é a de energias renováveis. Temos investimentos de 40 bilhões de reais com projetos prontos para participarem nos leilões de energia. São mais de 200 projetos de fazendas eólicas que participarão desses leilões.

A FIERN existe há 60 anos. Foi fundada em 1953 por cinco empresários dos setores de panificação, mecânica, café, fiação e tecelagem. Conta hoje com 28 sindicatos associados ligados a diversos setores, e sua missão é defender os interesses dos empresários do Rio Grande do Norte. Dentro do seu sistema, a Federação tem o SESI que trata da saúde, segurança do trabalhador, esporte, cultura e lazer; o SENAI que trata da qualificação profissional e proporciona consultoria técnica e tecnológica a determinados segmentos empresariais; e o IEL, que trata da capacitação gerencial.

Nós temos um mapa estratégico desenhado para até 2020, que nos ajudará a ficar alinhado com a indústria nacional. Esta Federação difere das outras pela sua vontade de fazer tudo de acordo com o planejado. Temos um programa associativo, voltado para nossos sindicatos e que tem como objetivos fortalecer a representação empresarial e incentivar o associativismo.

A diferença principal entre nossa Federação e as demais é que a FIERN será a primeira a trabalhar com a filosofia de empresa servidora.

Como os empresários veem o Rio Grande do Norte?

O Rio Grande do Norte está situado no Nordeste, com uma população de aproximadamente 3.2 milhões de habitantes, temos 7.000 indústrias operando no estado com 126.000 pessoas empregadas. Dentro dessa indústria temos algumas cadeias que são mais importantes: petróleo e gás, (a Petrobras tem uma instalação aqui), a indústria da pesca oceânica (com a maior frota de atuneiros no país e nossa grande indústria de fazendas de camarões), a indústria têxtil, a de cerâmica de telhas e tijolos, de alimentos, a indústria do sal marinho (a maior produção de sal no país), a indústria de laticínios, a indústria de extração de mármores e granitos. Temos grande potencial no setor mineral e energias renováveis (com fazendas eólicas existentes e grandes possibilidades na energia solar).

Em todas as áreas a que me referi nós podemos ser muito competitivos e não dependemos inteiramente de um único setor de atividade (como acontece em muitos outros locais do Brasil). Os investidores precisam saber que temos uma matriz produtiva diversificada e participamos em muitos setores da economia do país.

Em termos econômicos, que percentual representa a indústria?

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A indústria representa cerca de 21% do PIB estadual. Em termos de empregabilidade é o segundo maior empregador no estado.

Existe algum setor especifico sendo priorizado no momento?

A indústria que está efetivamente crescendo no Rio Grande do Norte é a de energias renováveis. Temos investimentos de 40 bilhões de reais com projetos prontos para participarem nos leilões de energia. São mais de 200 projetos de fazendas eólicas que participarão desses leilões. Temos 60 fazendas eólicas com construções já aprovadas. Também temos indústrias têxteis, do agronegócio, cerâmica e cimento, que são muito representativas.

Poderia mencionar 2 ou 3 projetos que seriam interessantes para investidores estrangeiros?

A cadeia de processamento de atum é um setor promissor. Nós apenas pescamos e enviamos o produto para o Japão e Europa. Existe também uma necessidade de se investir no processamento/manufatura da nossa indústria mineral como ferro, tungstênio, ouro e outros.

Como Presidente da FIERN, quais resultados gostaria de alcançar no curto prazo?

A gestão pública brasileira não aplica os recursos de forma inteligente. Muito do crescimento que não está acontecendo agora no Brasil é devido ao imenso montante do gasto público desperdiçado. O governo não investe o bastante em infraestrutura. Existem grandes projetos mas o governo não tem conseguido acelerar sua concretização.

Eu gostaria que tivéssemos regras jurídica mais claras, para que as indústrias possam vir aqui, especialmente aquelas pertencentes a investidores que querem se estabelecer no Brasil. Segurança jurídica é um fator muito importante a ser considerado, porque os empresários querem se sentir seguros – eles querem ter certeza de que, ao trazerem seu dinheiro para o país, terão o retorno dos seus investimentos.

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Quais são os desafios que vocês tem para lidar no dia-a-dia?

Como Presidente da Federação, quero aproximar a entidade dos empresários. Atualmente os empresários de micro e pequeno porte representam 97% do setor industrial. Muitas vezes esses micro e pequenos empresários carecem de apoio e a Federação tem como desafio chegar a todos eles. O estado tem 167 municípios e queremos alcançá-los todos com o sistema indústria. As micro e pequenas empresas são a garantia de sobrevivência econômica dos municípios. Queremos assegurar que essas empresas tenham acesso à capacitação profissional, saúde e segurança do trabalho, qualificação empresarial, etc. Queremos construir planos de negócios com esses empresários. Em síntese, meu maior desafio é trazer a Federação das Indústrias para mais perto dos empresários e defender seus interesses.

Tem alguma coisa mais que gostaria de acrescentar?

O governo do Rio Grande do Norte tem feito esforços para melhorar a rede de infraestrutura do estado. Tem um novo aeroporto sendo construído e ele vai oferecer voos a Europa, África e Estados Unidos. O Rio Grande do Norte poderá atuar como um hub e fornecer serviços em termos de redistribuição de voos vindos de outros países para o resto do Brasil. A partir do momento que você tem tal aeroporto você pode atrair empresas de logística especializadas nesse tipo de serviço.

Temos também um programa dedicado a atrair empresas de turismo. O Rio Grande do Norte tem belezas naturais, esportes aquáticos – uma das nossas praias tem o melhor vento para windsurfe, kite surf, etc.- nossas praias são maravilhosas. A praia de Pipa, conhecida em todo o mundo, tem atraído turistas e possui um grande potencial. Temos, também, uma ótima rede hoteleira com capacidade para 32.000 leitos.

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Um investimento de quase R$ 100 milhões está sendo feito no porto de Natal para a construção de uma estrutura de recepção de navios de passageiros. Estamos estudando um projeto para construção um novo porto destinado a movimentação de mercadorias, já temos uma área selecionada para sua construção.

Gostaria, ainda, de mencionar a Copa do Mundo: devido ao evento, o Rio Grande do Norte receberá muitas pessoas de todo o mundo.

Estamos também preparando um PDI (Plano de Desenvolvimento Industrial) onde a FIERN, o governo do Estado e todas as entidades sindicais dos empresários industriais estão trabalhando duro para fazer a indústria alcançar seu potencial pleno. O PDI tem planejamento para os próximos 20 anos e será uma boa ferramenta para mostrar aos investidores o que acontecerá no futuro.

Dentro dos setores importantes do estado temos: a cadeia produtiva de petróleo e gás natural (o Rio Grande é o 3º produtor de petróleo em terra (onshore). Mas temos reservas de óleo em águas profundas , e há estudos em andamento para busca-lo em profundidades maiores, como o pré-sal.

Quais razões você daria para atrair investimentos estrangeiros para seu estado? Gostaria também que mencionasse incentivos e apoio governamental.

A FIERN convida todos os empresários para virem aqui e conhecerem o Rio Grande do Norte. Receberemos eles juntamente com nossos sindicatos empresariais para apresentarmos nosso estado. Os investidores terão incentivos governamentais e no uso do gás natural, virão aqui devido à infraestrutura, que estará melhor depois da Copa do Mundo de 2014, devido às nossas potencialidades em petróleo e energias renováveis, mineração, pesca, fruticultura, turismo, etc. E virá também pela hospitalidade do nosso povo, e devido ao treinamento profissional que a Federação das Indústrias oferecerá às suas empresas.

Você também é empresário. Poderia apresentar sua empresa?

Sou um pequeno empresário industrial com atuação no mercado há 40 anos. Minha área é a de panificação: trabalhamos com pães e salgadinhos congelados. Temos 55 empregados e nossos maiores clientes são supermercados, hotéis, bares e restaurantes, etc.

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