Setor Bancário no Distrito Federal: Banco de Brasília ajuda ao Desenvolvimento no Distrito Federal

Jacques de Oliveira Pena, Presidente do Banco de Brasília (BRB)
O Presidente do Banco de Brasília, Jacques de Oliveira Pena, fala do BRB, cujo objetivo é captar recursos para o desenvolvimento da região do Distrito Federal, através de várias carteiras: comercial, câmbio, desenvolvimento e imobiliária.

Entrevista com Jacques de Oliveira Pena, Presidente do Banco de Brasília (BRB)

Jacques de Oliveira Pena BRB

Como está a saúde do setor bancário brasileiro e quais são algumas das características específicas que podemos ver no mercado em relação a outros países como os EUA e mercados europeus?

Competitividade é ótimo e há grandes expectativas de que esta competitividade vai acelerar e se manter. A internacionalização da economia brasileira já tem sido significativa nos últimos 20 anos, com a presença de investidores americanos, britânicos, holandeses, espanhóis e outros.

Desde os anos 70 e os anos 80 nós temos grandes bancos nacionais. Os processos de fusão que aconteceram ao longo das décadas culminaram em dois grandes bancos públicos e dois ou três grandes bancos privados e agora também temos dois grandes bancos estrangeiros. Esses bancos, privados, públicos ou estrangeiros estão atendendo as necessidades da economia e da população brasileira.

O setor público dos bancos estaduais brasileiros tinha instituições praticamente em todos os Estados e, atualmente, apenas cinco ainda existem. O Banco de Brasília é um desses cinco bancos. O país é dividido em cinco regiões e em cada região há uma instituição financeira estadual. Todas são de pequeno ou médio porte, onde o Banco de Brasília pode ser enquadrado.

Esses bancos têm nichos importantes porque eles servem os funcionários do Governo: aqui no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul, os bancos estaduais são “bancos do Tesouro”, pelo qual passam todos os recursos do Governo estadual.

Em termos de objetivos para o setor e em termos de competição, crescimento e liquidez, quais são suas expectativas para 2012?

Em geral, os bancos brasileiros são bancos de varejo. Essas instituições estão presentes no país inteiro. Nosso banco se chama Banco de Brasília, sigla BRB – pois quando foi criado se chamava Banco Regional de Brasília – e pelo nome percebe-se que o Banco de Brasília é regional.

O sistema financeiro brasileiro é muito competitivo e de alta performance de rentabilidade – e é por isso que bancos estrangeiros têm se instalado aqui. Portanto, a competitividade é enorme, mas falarei dos diferentes papéis dentro deste sistema.

O Brasil tem um enorme banco público, o BNDES, que é uma instituição do século XX e que financia a industrialização e a infraestrutura brasileiras. Tem sido assim desde os anos 50. Podemos dizer que o BNDES financia grandes empreendimentos. Junto com outros bancos públicos e estaduais, este banco está, por exemplo, financiando a Petrobrás.

Competitividade é ótimo e há grandes expectativas de que esta competitividade vai acelerar e se manter. A internacionalização da economia brasileira já tem sido significativa nos últimos 20 anos, com a presença de investidores americanos, britânicos, holandeses, espanhóis e outros. Os bancos estão no centro desse processo de internacionalização.

Nosso banco está buscando ser também um banco de desenvolvimento. Ao longo de nossa história (Brasília foi criada em 1960), o Banco de Brasília sempre esteve presente nos setores imobiliário, industrial e agropecuário. Em Brasília, é realizado um evento anual chamado AGROBRASÍLIA, que é uma feira que atrai para a nossa região, não apenas produtores locais, mas também produtores de todas as regiões próximas: os municípios dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia. Nós estamos numa região de expansão da fronteira agrícola do país, que tem forte PIB do agronegócio. Temos municípios de outros Estados que estão mais próximos de Brasília do que do seu próprio Estado. E além de ser a Capital Federal e o centro político do país, nós também temos muito potencial como centro econômico regional. E isso é de extrema importância para o atual Governo do Distrito Federal. Nosso banco quer contribuir para o crescimento deste potencial. Continuaremos a financiar a consolidação deste papel de centro econômico regional.

Nesta feira, a AGROBRASÍLIA, o Banco de Brasília e os bancos nacionais e estrangeiros estão presentes e realizam um grande número de operações de financiamento. Esta feira mostra o potencial de agroindustrialização do Centro-Oeste. É do Centro-Oeste brasileiro que os produtos saem para todo o mundo. Nós estamos muito satisfeitos com o volume de produtos agrícolas exportados, mas também queremos industrializar esses produtos; queremos agregar valor a eles para aumentar a renda da região.

Olhando para nosso país nos últimos anos, existe uma taxa de crescimento econômico maior na região Nordeste e Centro-Oeste do que nas áreas tradicionalmente industrializadas (Sudeste). Isso significa que a economia da nossa região Centro-Oeste constitui uma oportunidade de negócios maior que era há duas décadas. Há 20 anos, qualquer investidor estrangeiro que olhava para o Brasil se limitava a São Paulo, Minas Gerais, talvez a região sul e outras capitais mais industrializadas, como Salvador e Recife.

Uma das grandes riquezas construída no Brasil é nossa empresa de pesquisa agropecuária, a Embrapa, que possui quatro centros de pesquisa em Brasília: a Embrapa Agroenergia, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a Embrapa Cerrado e a Embrapa Hortaliças. Temos pessoas com mestrado e doutorado de todas as partes do mundo, vindas das universidades mais renomadas trabalhando nesses centros.

Sede BRB

Nós, como os que discutem a economia do Distrito Federal, pensamos que precisamos trabalhar na questão da biotecnologia aplicada na agricultura. Essa biotecnologia aplicada à agricultura nos tornou um grande centro de produção, o que é importante para o Brasil e para o mundo (sementes de soja, de girassol, etc).

Por Brasília ser a capital do país e com os fortes desequilíbrios regionais existentes, temos vivido nas últimas décadas forte migração populacional para o DF. Isso nos tornou o terceiro maior centro de população do país. No último censo, nossa região ultrapassou a população de outros grandes centros. Hoje, o Distrito Federal tem em torno de 4 milhões de habitantes.

Qual seria o papel do Banco de Brasília em relação a atrair mais investimento estrangeiro?

As diferenças regionais não são favoráveis às seguintes regiões: Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Há vários anos, temos fundos constitucionais que viabilizaram recursos com juros mais baixos e com um maior interesse de investidores nacionais ou mesmo estrangeiros.

Nós temos o FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste), que é operado pelo grande banco comercial do Governo Federal, o Banco do Brasil, e por nós, o BRB. Dessa forma, temos a possibilidade de sermos parceiros de investidores estrangeiros que vêm à região para aplicar recursos na área industrial ou rural.

Temos conseguido atrair investimento externo no segmento rural, mas nosso objetivo é atrair também para o industrial.

Na área do mercado imobiliário, vocês têm algum projeto em andamento?

Há muitos projetos em andamento. Por exemplo, o Banco de Brasília tem investido por volta de R$ 419 milhões nessa área. Nós esperamos que o setor imobiliário cresça outros R$ 250 milhões em 2012.

Em Brasília, haverá ainda em 2012 o lançamento do edital para o PTCD – Parque Tecnológico Cidade Digital. Neste caso, teremos muitas possibilidades de investimento nas estruturas que serão vendidas ou alugadas à empresas de tecnologia da informação que aqui vierem se instalar. O Governo do Distrito Federal tem uma empresa chamada Terracap, que alterou recentemente seu estatuto para que possa se associar a investidores para novos empreendimentos. O Governo do Distrito Federal – através da Terracap e do BRB – está aberto a possibilidade de criação de novos empreendimentos associados com investidores internos ou externos na nossa Capital.

A crescente competição, junto com outros fatores, colocou pressão negativa à avaliação do Banco de Brasília? A longo prazo, como vocês irão enfrentar a concorrência?

Todos estamos sujeitos ao Acordo de Basileia. O sistema financeiro brasileiro é muito regulado e fiscalizado e, mesmo assim, terminamos com um sistema muito bem estruturado.

O Banco de Brasília é um banco regional e está sujeito a todas as exigências do Banco Central: nós cumprimos todas as regras do Acordo de Basileia I e II.

O BRB tem sido lucrativo sempre, e nos próximos anos chegaremos próximos de R$ 300 milhões de lucro por ano. Estamos tentando alcançar o objetivo de ter R$ 1 bilhão de patrimônio líquido e também R$ 10 bilhões em ativos totais. Não podemos esquecer que o Banco de Brasília é um banco público de médio porte.

Nosso maior objetivo é trabalhar como um banco de fomento regional. Eu acredito que sempre teremos um lugar no mercado.

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