Nadhari Opway: Projetos de Construção e Engenharia em Moçambique

Carla Borges apresenta a Nadhari Opway, uma empresa moçambicana, anteriormente denominada Opway Moçambique, especializada em projectos nas áreas da construção e engenharia. Alguns focos da empresa são: barragens, pontes, estradas, edifícios, etc.

Entrevista com Carla Borges, Administradora Executiva da Nadhari Opway

Carla Borges, Administradora Executiva da Nadhari Opway

Qual é a história da Nadhari Opway em Moçambique?

A Nadhari Opway Lda é uma empresa moçambicana, anteriormente denominada Opway Moçambique Engenharia Lda, constituída em 1998, tendo por objecto principal a construção e gestão de obras públicas e de construção civil, detida pela Opway Engenharia SA desde a data da sua constituição até final de 2014, tendo beneficiado do curriculum e know-how desta última.

Em Outubro de 2014, a Opway Moçambique Engenharia Lda, foi adquirida pela sociedade de direito moçambicano, Nadhari Lda, constituída em Dezembro de 2007, tendo por objecto o desenvolvimento, investimento e gestão de projectos imobiliários.

A operação de aquisição permitiu optimizar a experiência, o capital técnico e humano e as valências das duas empresas num universo empresarial único – Nadhari Opway – com capacidade para concretizar todos os tipos de projectos nas áreas da construção e engenharia.

Nadhari Opway é uma empresa especializada em construção e engenharia
Nadhari Opway é uma empresa especializada em construção e engenharia

Qual é sua perspectiva, em médio prazo, para o setor de construção?

Temos uma perspectiva positiva. Acreditamos que o setor de construção e a economia de Moçambique vão dar a volta por cima desta crise econômica, que é mundial. A crise afeta o nosso país numa fase que se pretendia já estar crescendo, mas houve um abrandamento. É uma situação delicada, não é fácil, mas acredito que seja resolvida em breve e que nos permita voltar a crescer.

Que tipo de projeto pode ser afetado por essa crise?

Na área de construção há duas realidades. Existem grandes projetos estruturantes para o país, como os relacionados ao gás, que implicam um boom de construção em volta disso. E há outros, em paralelo, que têm a ver com as infraestruturas básicas de que o país precisa para crescer, ou seja, habitação para a população menos favorecida, saneamento e vias de comunicação, que é um dos nossos focos.

Atuamos em várias vertentes da construção: fazemos barragens, pontes, estradas, edifícios. Portanto, temos know-how para realizar qualquer um desses projetos em Moçambique.

Essa crise, de fato, afeta a todos. Mas, como neste ano estamos mais voltados para a área de infraestruturas, não estamos a ser tão afetados quanto quem atua com o gás. Estamos focados em infraestruturas e achamos que é esse setor que vai fazer Moçambique crescer. Não será um crescimento muito destacado, pois, naturalmente, os investidores assustam-se um pouco com a crise. Mas ainda há investidores, e estamos envolvidos em alguns projetos com eles nessa área.

Quais são as perspectivas na área de saneamento?

No campo do saneamento há muitas questões a serem resolvidas, especialmente no abastecimento de água, assim como na oferta de saneamento básico à população. Tudo isso envolve a execução de obras, e o governo tem alguns projetos estruturantes, alguns que irão avançar mais rapidamente que outros. Existem oportunidades nessa área.

Saneamento é um dos focos da Nadhari Opway em Moçambique
Saneamento é um dos focos da Nadhari Opway em Moçambique

Qual é a expertise da Nadhari Opway?

Temos uma empresa onde vamos buscar todo o nosso know-how, que é a Opway Engenharia SA, em Portugal, uma empresa que é referência no país, pois tem quase cem anos. Atuamos em várias vertentes da construção: fazemos barragens, pontes, estradas, edifícios. Portanto, temos know-how para realizar qualquer um desses projetos em Moçambique.

Por que as vias de comunicação são outro setor de interesse?

Por dois motivos. Primeiro porque já temos esse know-how. Depois, porque é um setor em grande desenvolvimento em Moçambique. É uma área em que se deve apostar, e é o que estamos a fazer. Neste momento estamos a trabalhar na reabilitação da ponte de Inharrime.

Qual é a vantagem competitiva de vocês neste projeto?

Creio que é uma combinação de três fatores: a nossa experiência, o know-how que trouxemos de Portugal e o fato de elaborarmos propostas competitivas em termos de valores e com bom nível técnico. No caso de Inharrime, tínhamos a proposta mais competitiva a nível de preço. Nós já tínhamos reabilitado a ponte de Xai-Xai em 1993. A obra de Inharrime faz parte deuns concursos do estado para reabilitação de três pontes. Temos capacidade para isso, estivemos no consórcio da ponte de Tete, que foi inaugurada no ano passado. Queremos muito participar em várias iniciativas dessas. O Estado certamente tem muito a fazer, quase todas as semanas são lançados concursos para obras assim, especialmente para reabilitação de estradas. Já de pontes não é tão comum.

A empresa está trabalhando na reabilitação da ponte de Inharrime
A empresa está trabalhando na reabilitação da ponte de Inharrime

Neste momento, vocês estão atuando em projetos de habitação?

Em Moçambique há muitas possibilidades de desenvolver projetos na área de habitação. Temos, por exemplo, o projeto na Catembe: uma nova cidade, uma nova infraestrutura. Mas existem muitos outros, porque é necessário satisfazer as necessidades de uma grande população. Portanto, se conseguirmos fazer um projeto sustentável, que tenha financiamento e que seja apetecível a futuros compradores, creio que há oportunidade de grande desenvolvimento. Esses projetos têm grande potencial, e não só em Maputo.

Pessoalmente, gosto muito desses projetos e já os estudei noutros países de África, como Argélia, Camarões e Gabão. Também gostaria de implantar projetos de habitação integrada, com a construção de 500 a 1.000 casas, em Moçambique. Estou confiante de que vamos conseguir. Tenho uma grande ligação pessoal com este país. Nasci em Moçambique, cresci em Portugal e voltei há dois anos. Agora que voltei, quero fazer um projeto estruturante no país onde nasci.

Vocês também estão investindo em edifícios corporativos?

Demomento, estamos a construirum edifício de escritórios de 20.000 m2 e 15 pisos, na Baixa de Maputo. A obra começou no ano passado, e esperamos terminar no início do próximo ano. A Nadhari Opway já tinha um terreno, era um ativo de longa data da empresa, e quisemos desenvolver esse projeto. É um edifício que já foi alocado a um cliente: será a sede do INSS (Instituto Nacional de Segurança Social) em Maputo. Fizemos a obra, essencialmente, porque já tínhamos esse terreno. Agora temos a ambição de adquirir mais terrenos para desenvolver outros projetos desse nível.

Nadhari Opway está construindo a nova sede do INSS em Maputo
Nadhari Opway está construindo a nova sede do INSS em Maputo

Há interesse, então, em investir em terrenos?

Estamos interessados em comprar mais terrenos para habitação. Já temos parceiros para o financiamento e que estão analisando conosco as oportunidades de negócio nesse tipo de projeto. Temos outros terrenos em Moçambique, mas que não são para construção. A empresa tem um terreno de boa dimensão em Nacala, que era um antigo estaleiro da empresa e que vamos reativar. É um dos desafios para este ano. E temos um estaleiro em Maputo.

Encontrar parceiros para financiar as obras é um desafio?

Não é fácil. Naturalmente é necessário ter um bom projeto a ser vendido. Nós temos projetos de habitação e acreditamos neles. Já encontramos alguns parceiros financeiros interessados em Moçambique e gostaríamos de efetivar essas negociações, mas não posso ainda comentar sobre elas. Estamos abertos a conversar com bancos e fundos estrangeiros. Não é fácil, mas é possível. Queremos começar com um projeto de habitação relativamente pequeno, de 100 a 150 casas, mostrar do que somos capazes para depois crescer. Fala-se muito de projetos de 5.000 ou 10.000 casas, mas não queremos ir por aí. Quando os projetos são megalômanos, é muito mais difícil concretizá-los.

Quais são as metas da Nadhari Opway para os próximos dois, três anos?

Nosso plano estratégico tem o objetivo de atingir um volume de negócios da ordem de US$ 50 milhões nos próximos três anos. Assim, chegaremos ao nível das outras empresas que estão aqui. Portanto, não queremos um crescimento exponencial, mas sim sustentável. É nisso que estamos focados. Somos uma empresa com 170 trabalhadores, e a meta é chegar a 200 até o final deste ano, com os projetos que temos e com os que contamos angariar. Queremos ir crescendo aos poucos.

A empresa quer atingir um volume de negócios de US$ 50 milhões nos próximos 3 anos
A empresa quer atingir um volume de negócios de US$ 50 milhões nos próximos 3 anos

Qual é a estratégia da empresa quanto a recursos humanos?

Em termos de recursos humanos, queremos inverter a situação do passado. Somos uma empresa moçambicana, por isso procuramos trabalhadores técnicos daqui, para dar mais continuidade e longevidade aos nossos quadros. Não queremos profissionais que saiam a cada seis meses. Estamos a criar uma cultura, e isso só se consegue com a continuidade dos quadros. Dos 170 funcionários que temos hoje, cerca de 160 são moçambicanos, e queremos ter muito mais. Há pessoas com muito potencial em Moçambique. Buscamos mais engenheiros e técnicos especializados em varias áreas, como as de contabilidade, tesouraria, administrativae controle de obras. É por aí que temos de seguir.

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