Marcopolis presents the Brazil Report focused on economy, doing business, investments and other topics featuring interviews with key executives and government officials. The sectors under review are agriculture, industry, banking, telecom, IT, construction, mining, energy, tourism, education, services, etc. Furthermore, we feature regional coverage of Santa Catarina, Federal District, Espírito Santo, Mato Grosso, Alagoas, Piauí and more.
Depois de alguns anos de entraves políticos e burocráticos, o Parque Tecnológico Capital Digital caminhou. Nas últimas semanas, grandes avanços foram realizados em nome do projeto que pretende alavancar não somente o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, mas toda a cadeia produtiva do Distrito Federal, com reflexos na economia brasileira. O governo do Distrito Federal reformulou o projeto e decidiu investir na formação de uma Sociedade de Proposta Específica (SPE) para administrar o processo e garantir que a implantação aconteça. A Terracap, que detém 47% das ações, lançará, neste mês, o edital de licitação para os interessados na sociedade por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), sem exigência de concorrência. A empresa pública entra imediatamente com o terreno e com as obras de infraestrutura que já estão sendo feitas no local.
O polo tecnológico traz em si características competitivas capazes de atrair marcas de todo o País e até mesmo de referência internacional. A previsão é que cerca de 1,2 mil empresas se instalem, com geração de quase 25 mil empregos diretos. |
A indústria do DF entende que o Parque Tecnológico ganha legitimidade e maior transparência neste modelo sustentável que traz o setor privado não somente como investidor, mas como sócio. Os dirigentes industriais veem com entusiasmo este novo fôlego dado ao projeto, que já completa a idade de um adolescente sem nunca ter deixado o berçário. O setor de TI da Capital Federal – que agrega mais de 700 empresas, empregando 30 mil pessoas – anseia por este nascimento.
O polo tecnológico traz em si características competitivas capazes de atrair marcas de todo o País e até mesmo de referência internacional. A previsão é que cerca de 1,2 mil empresas se instalem, com geração de quase 25 mil empregos diretos. A criação de novos postos de trabalho viabilizará a geração de renda para as famílias com reflexo em outros segmentos econômicos do DF. Um importante indicativo, uma vez que a Capital Federal está saturada da dependência tradicional da administração pública e já acendeu o sinal de alerta em relação à diversificação da nossa economia.
Dados recentes do PIB 2011 traçam cenário cada vez mais preocupante em torno das riquezas produzidas pelo DF, com crescimento pífio de 2,4% em relação a 2010 – pouco menor que o nacional. O dinamismo do consumo do brasiliense é notório, mas vemos uma tendência crescente de redução dos investimentos nos contracheques pagos pelo governo como forma de controlar os gastos públicos, até mesmo com medidas de transparência para que a sociedade tenha controle sobre as remunerações.
Quando vemos o País chegar ao ponto de assumir cortes bruscos na própria máquina pública, identificamos mudança forte de paradigma ocasionada pela adequação aos padrões exigidos pela economia mundial. O Brasil está cada vez mais distante das cabeças dos rankings de competitividade e a corrida do desenvolvimento tecnológico, que indiscutivelmente se transformou no eixo da vida humana moderna, desponta como a única saída. Em tempos de crises oscilantes, a vitória será dada aos países que apostarem tudo na formação do conhecimento para permitir que se consiga obter o grau de competitividade inerente à sobrevivência na era da globalização. No Brasil, o desenvolvimento econômico, portanto, deve se pautar pela criação de condições adequadas para a expansão da indústria da tecnologia da informação. Brasília está apta a disparar esse setor com oferta de mão de obra, de cursos superiores em todas as áreas de tecnologia da informação e logística privilegiada no território nacional e continental. Criar, portanto, esse polo de inteligência representa uma aposta política decisiva para o desenvolvimento econômico que tanto se buscou ao colocar a Capital Federal no centro do País.
A iniciativa – na realidade, o antigo projeto por vezes desacreditado – de criar um parque tecnológico como referência internacional, capaz de atrair grandes conglomerados mundiais e investimentos vultosos, está cada vez mais próxima de sair da esfera virtual. O polo tecnológico permitirá que Brasília dê um grande salto rumo ao desenvolvimento econômico de modo sustentável em um plano de voo audacioso, mas possível. Afinal, a própria criação da nova Capital da República é reflexo de um projeto ousado que visava afetar positivamente todo o País. Quase sessenta anos depois, estamos aí querendo novamente trazer o foco para a região central. O nosso Vale do Silício é tão possível quanto foi a maior obra de JK.